A Pedra Moabita

A Pedra Moabita, ou de Messa, foi deliberadamente partida no primeiro ano de sua descoberta, em 1868. Ela tinha quase 3.000 anos. Era uma peça de basalto negro polido, com topo eximiamente curvo, de quase 1,12 metro de altura, pouco mais de 71 centímetros de largura e aproximadamente 36 centímetros de espessura. Algum tempo depois de ter sido despedaçada, 2 pedaços grandes e 18 fragmentos menores foram recuperados, mas um terço da pedra ficou irrecuperavelmente perdido.

"MESSA, rei dos moabitas, era contratador de gado, e pagava ao rei de Israel cem mil cordeiros, e cem mil carneiros com a sua lã. Sucedeu porém que, morrendo Acabe, se revoltou o rei dos moabitas contra o rei de Israel." (2 Reis 3:4, 5, Al) A revolta do Rei Messa, de Moabe, é confirmada por uma escrita antiga que não é da Bíblia - uma pedra inscrita, chamada de Pedra Moabita. Escrita num dialeto que difere pouco do hebreu bíblico, foi erguida pelo Rei Messa parcialmente em comemoração desta revolta. Esta pedra foi encontrada em 1868, dentro do território de Moabe. Acerca disso escreveu James B. Pritchard na obra A Arqueologia e o Velho Testamento, publicada em inglês:

"Uma ampliação espetacular da história bíblica está sendo fornecida por uma inscrição cananéia, chamada de pedra moabita, que surgiu há dezenove anos ria aldeia árabe de Dhiban, na Transjordânia, a meio caminho da margem oriental do Mar Morto. . . . A famosa laje de basalto negro [tem] inscrita um relato das guerras e das construções de Messa, rei de Moabe. . . . O texto extensivo, de trinta e quatro linhas, está escrito na primeira pessoa singular e começa com a recitação bastante jactanciosa por Messa, rei de Moabe, dos seus triunfos sobre a casa de Onri, rei de Israel. . . .

"Messa interpretou o bom sucesso do seu inimigo, Israel, como sinal da ira de seu próprio deus com a sua terra: 'Quanto a Onri, rei de Israel, ele humilhou Moabe por muitos anos, pois Camós estava irritado com a sua terra. E seu filho ocupou o seu lugar e também disse: "Humilharei a Moabe." Foi no meu tempo que ele falou assim, mas eu triunfei sobre ele e sobre a sua casa, ao passo que Israel pereceu para sempre!'

"Messa [disse que] recebeu as suas instruções de batalha do seu deus Camós. Quando seu deus lhe deu a vitória, ele 'devotou' - a mesma palavra é usada na inscrição como no relato de Josué, devotando os despojos de Jericó a Iavé - todos os habitantes da cidade de Nebo ao seu deus Astor-Camós. O incidente da ocupação de Nebo é descrito por Messa: 'E Camós disse-me: 'Vai, toma Nebo de Israel!" De modo que eu fui de noite e pelejei contra ela, desde o amanhecer até ao meio-dia, tomei-a e matei a todos, sete mil homens, rapazes, mulheres, meninas e servas, pois eu os tinha devotado à destruição para Astor-Camós. E eu tirei dali . . . de Iavé [Jeová], arrastando-as para diante de Camós.' Nesta breve passagem temos a única menção do nome do deus de Israel, Iavé [Jeová], encontrada fora da própria Palestina."

O rei de Moabe foi deveras jactancioso. Suas jactâncias parecem dar a entender que o falso deus de Moabe, Camós, foi vitorioso, sobre o verdadeiro Deus, Jeová. "Mas a Pedra Moabita não conta toda a história. Depois da revolta de Mesa, o Rei Jorão de Israel recorreu à ajuda do Rei Josafá de Judá numa expedição contra Moabe. As forças aliadas foram, porém, quase que destruídas no deserto árido, por falta de água, Neste momento critico, Josafá mandou chamar Eliseu, o profeta. Eliseu explicou que Deus ajudaria na guerra contra Moabe só por causa de Josafá. Eliseu disse ao rei de Israel: "Pela vida de Yahweh, em cuja presença estou, se não fosse respeitar eu a presença de Jehoshaphat [Josafá], rei de Judah, sem duvida não te daria atenção nem te veria." Jeová lhes daria a vitória sobre Moabe, disse Eliseu, "isto é ainda pouco aos olhos de Yahweh; ele também entregará os moabitas nas vossas mãos". Fiel à promessa de Deus, os moabitas foram grandemente humilhados e derrotados. - 2 Reis 3:14, 18.

O falso deus Camós não pôde salvar a Moabe, e a escrita do Rei Messa, na Pedra Mloabita, não pode encobrir a vitória do SENHOR sobre Moabe, porque a Bíblia registra muitas profecias e a história confirma o seu cumprimento. Disse Jeremias: "Moabe será destruído para que não seja uma nação, porque se engrandeceu contra Yahweh [assim como fez Messa, na Pedra Moabita]. Ai de ti, Moabe! desfeito está o povo de Chemosh [Camós]." E Sofonias profetizou: "Portanto pela minha vida, diz o SENHOR dos exercitos, o Deus de Israel: Certamente Moabe será como Sodoma, e os filhos de Ammon como Gomorra, campo de ortigas, e poços de sal, e desolação perpetua. . . . Isso terão em atenção à sua soberba, porque usaram de escarneos e se engrandeceram contra o povo de Yahweh dos exercitos." - Jer. 48:42, 46; Sof. 2:9, 10.

Como se deu que um artefato extraordinário como esse quase ficou perdido para sempre? E quão valioso é para os estudantes da Bíblia?

Intriga e Desconfiança

F. A. Klein foi o primeiro e último europeu a ver a pedra em seu estado intato. Jazia entre as ruínas de Díbon, a nordeste do mar Morto. Ele fez um breve esboço de partes da inscrição de 34 linhas emolduradas por uma borda em relevo e, ao retornar a Jerusalém, relatou a descoberta a seu superior prussiano. Identificou-se imediatamente a escrita como fenícia, e sua importância foi reconhecida. O Museu Real de Berlim levantou fundos para comprar a pedra, mas logo outras partes interessadas lutavam por ela. Alertados para o valor da pedra, os xeques locais a esconderam e elevaram absurdamente o preço.

Certo arqueólogo francês conseguiu obter um molde, em papel, da escrita, mas, porque o molde teve de ser retirado antes de secar, a impressão mal pôde ser lida. No ínterim, os beduínos receberam ordens de Damasco para entregar sua pedra às autoridades governamentais. Em vez de cederem, os beduínos decidiram destruí-la. Assim, fizeram uma fogueira em torno da preciosa relíquia e repetidamente jogaram água nela. Quando a pedra partiu-se, os fragmentos foram logo distribuídos entre as famílias locais para ser colocados em seus depósitos de cereais, supostamente com o fim de garantir uma bênção para suas colheitas. Foi também a melhor maneira de indivíduos negociarem em base pessoal a venda dos fragmentos espalhados.

A História Bíblica Ganha Vida

Com o auxílio de moldes de gesso e de prensagens em papel para aumentar os pedaços que foram adquiridos, a inscrição da pedra foi finalmente recuperada. Quando se revelou o texto completo, os eruditos ficaram pasmados. A antiga estela foi descrita na época como "o mais notável monólito que já se descobriu".

O rei Messa, de Moabe, erigiu a Pedra Moabita em homenagem a seu deus, Quemós, com o fim comemorar a libertação de Messa do domínio de Israel, que, segundo ele, durou 40 anos e foi permitido por Quemós, porque este estava "irado com sua terra". Considera-se em geral que essa revolta de Moabe relaciona-se com os eventos registrados no terceiro capítulo de 2 Reis. No monumento, Messa jacta-se de ser muito religioso, de construir cidades e uma estrada, e de obter vitória sobre Israel. Nisso, ele dá todo crédito a seu deus, Quemós. A derrota de Messa e o sacrifício de seu próprio filho - relatados na Bíblia - são, como seria de esperar, omitidos na inscrição que glorifica a ele mesmo.

Muitas localidades alistadas por Messa quais lugares conquistados por ele são mencionadas na Bíblia, entre elas Medeba, Atarote, Nebo e Jaaz. Assim, a pedra apóia a exatidão dos relatos da Bíblia. Notável, porém, é o uso que Messa faz do tetragrama, YHWH, o nome do Deus de Israel, na 18.º a linha do documento. Ali, Messa se jacta: "Tomei dali [de Nebo] os [vasos] de Yahweh, arrastando-os perante Quemós." Além da Bíblia, este é, provavelmente, o mais antigo registro do uso do nome divino.

Em 1873, a Pedra Moabita foi restaurada, com acréscimos de moldes de gesso do texto que faltava, e posta em exibição no museu do Louvre, em Paris, onde permanece. Pode-se ver uma reprodução da Pedra Moabita no Museu Britânico, em Londres.

Mais uma excelente prova da veracidade bíblica.